Esses compostos são de origem não natural, considerados altamente tóxicos, extremamente persistentes, tendo sido detectados em todas as matrizes ambientais como: solo, sedimentos, ar, água, animais e vegetais.
As dibenzo-p-dioxinas policloradas (PCDD – polychlorinated-p-dibenzodioxins) e os dibenzo- furanos policlorados (PCDF – polychlorinated-p- dibenzofurans), comumente chamadas de dioxinas e furanos, são duas classes de compostos aromáticos tricíclicos, de função éter, com estrutura quase planar e que possuem propriedades físicas e químicas semelhantes. Os átomos de cloro se ligam aos anéis benzênicos, possibilitando a formação de um grande número de congêneres: 75 para as dioxinas e 135 para os furanos, totalizando 210 compostos, cujas fórmulas estruturais genéricas são mostradas abaixo. Os isômeros com substituições de cloro na posição 2,3,7 e 8 são de interesse especial devido à sua toxicidade, estabilidade e persistência. As PCDD e os PCDF 2,3,7,8-substituídos são encontrados em quase todo o meio ambiente.
TOXICIDADE
Toxicidade equivalente (TEQ) tem sido utilizada para correlacionar a toxicidade dos diversos compostos do grupo das dioxinas e dos furanos, com aquela considerada mais tóxica, ou seja, a 2,3,7,8-TCDD, tomada como valor 1 (um). Assim, cada composto deve ter sua participação absoluta multiplicada pelo fator de equivalência, e a soma desses valores para todos os PCDD e PCDF pre- sentes resultará na toxicidade total relativa à 2,3,7,8-TCDD.
Os fatores de equivalência foram introduzidos por órgãos competentes de diversos países, exis- tindo divergências entre os valores de conversão adotados. Em 1988, o Comitê de Desafios da So- ciedade Moderna da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN/CCMS) estabeleceu fatores de equivalência internacionais (I-TEF) com o objetivo de eliminar diferenças entre os valores empregados por diversos países.
COMO SE FORMAM
As emissões desses compostos para a atmosfera ocorrem principalmente nos processos de combustão; dispersão atmosférica, deposição e subseqüente acumulação na cadeia alimentar que têm sido a principal rota de exposição da população em geral. Devido à natureza lipofílica e persistência, estes se acumulam em tecidos gordurosos, sendo os alimentos de origem animal os que apresentam maiores concentrações.
INCIDENTES NA ALIMENTAÇÃO ANIMAL
Na última década vários incidentes foram registrados pela autoridades Européias, mas vamos aqui destacar os incidentes do Brasil e Chile.
Em 1997, ocorreu um incidente com pellets de polpa cítrica seca importada do Brasil para Alemanha. O incidente foi descoberto pelo aumento gradual dos níveis de PCDD/Fs no leite no final de 1997 no sul da Alemanha. Quando foi realizada a rastreabilidade da ração das vacas se chegou a polpa cítrica. A real fonte de contaminação foi um lote de cal adicionado na polpa citrica seca para reduzir o conteúdo de água e aumentar o pH. As dioxinas foram formadas durante a calcinação da pedra calcária para formar a cal, onde foram utilizados pneus para queima nos fornos de combustão.
O mineral, óxido de zinco, usado na alimentação animal, foi fonte de contaminação para suínos em 2008 pelo Chile e descoberto através do controle de um importador na Coréia do sul. O impacto no Chile foi relativamente grande pelo fato do País não ter experiência com a análise e o comportamento destes contaminantes. O material contaminado foi resultado do uso de zinco da reciclagem.
O último incidente ocorrido envolvendo o Brasil aconteceu em 2015, com a contaminação de dioxinas na carne de frango, que foi descoberto através do controle do importador da China. Desde então, o Brasil tem adotado medidas de controle interno mais severas.
Em 12/05/2016 o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento publicou a Instrução Normativa número 9 para controle de produtos destinados a alimentação animal, e intensificou os programas de HACCP nos frigoríficos para garantir a ausência de dioxinas em toda a cadeia.